segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ex-presidente Itamar Franco morre em São Paulo aos 81 anos

  O ex-presidente Itamar Franco, 81 anos, morreu por volta de 10h15 de ontem, em São Paulo, vítima de um derrame ocorrido na madrugada. Ele estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein, desde o dia 21 de maio, para tratar de leucemia. Nos últimos dias, o ex-presidente apresentou um quadro de pneumonia grave e foi transferido para a UTI.
  Baiano no registro civil, Itamar foi um dos mais destacados e comentados políticos mineiros das últimas décadas. Para o País, surgiu na eleição presidencial de 1989, como candidato a vice de Fernando Collor de Mello. Terminou por assumir a Presidência da República após o impeachment do ex-governador alagoano.
Mesmo entre os críticos, Itamar costumava ser reconhecido pela retidão ética.
  Com seu indefectível topete, o ex-presidente também chamou muita atenção pelo estilo intempestivo, muitas vezes enigmático. Protagonizou situações embaraçosas e embates memoráveis. Se dizia nacionalista, mas abusava mesmo era das retóricas e referências às "montanhas de Minas".
  Itamar nasceu em 28 junho de 1930 a bordo de um navio de cabotagem, no mar entre o Rio de Janeiro e Salvador. A mãe, dona Itália Cautier, havia ficado viúva de Augusto César Stiebler Franco pouco antes do nascimento do filho e o registrou na capital baiana, onde morava um tio.
  Mas Itamar cresceu e tomou gosto pela política em Juiz de Fora (MG), origem de sua família. Em vão, tentou se eleger vereador em 1958 e vice-prefeito, em 1962. Alcançou o primeiro cargo público - a prefeitura da cidade - cinco anos depois, já filiado ao antigo MDB após o golpe militar de 1964 e o estabelecimento do bipartidarismo. Ficou no Executivo municipal até 1971. No ano seguinte, conquistou um novo mandado na prefeitura, mas em 1974 renunciou e foi eleito senador por Minas Gerais em duas legislaturas, já no PMDB.
  Em 1986, deixou o PMDB e filiou-se ao PL para disputar o governo de Minas. Perdeu.
Itamar voltou ao Senado, participou dos trabalhos da Assembleia Constituinte, mas antes de encerrar o mandato aceitou o convite do então jovem governador de Alagoas, Fernando Collor de Mello, para compor como vice a chapa vitoriosa na campanha presidencial de 1989, trocando o PL pelo PRN.
  As rusgas com Collor começaram ainda na campanha. Com seu impeachment, Itamar assumiu formalmente a Presidência em dezembro de 1992. Propôs uma política de entendimento nacional, mas sua gestão derrapava na escolha do primeiro escalão. Itamar levou para a administração federal antigos companheiros de Juiz de Fora e seu governo passou a ser conhecido como a "república do pão de queijo". Nos pronunciamentos oficiais à nação, adotou o bem mineiro "Moços e moças" e estimulou o relançamento do Fusca.
  Para cientistas políticos, o momento crucial do governo Itamar, porém, se dá mesmo com a chegada de Fernando Henrique Cardoso, que assume o Ministério da Fazenda e sua equipe econômica lança em março de 1994 a Unidade Real de Valor (URV) - índice que fez a transição do regime inflacionário para o da estabilidade econômica até o lançamento da nova moeda nacional, o real.
  O sucesso do plano econômico impulsionaria a eleição de FHC naquele ano. Itamar ganhou como prêmio as embaixadas brasileiras em Portugal e na Organização dos Estados Americanos (OEA), mas sonhava mesmo era em voltar ao Palácio do Planalto. Ele se sentiu traído quando o Congresso aprovou a reeleição e rompeu relações políticas com seu ex-ministro em 1998.
  Desta vez tendo como vice Newton Cardoso, Itamar então se aventura na disputa pelo governo de Minas e derrota o tucano e então candidato à reeleição Eduardo Azeredo, no segundo turno. Sua gestão é marcada pela determinação oposicionista ao presidente reeleito, pelos atos espalhafatosos e a frouxidão fiscal.
  Com o cofre estadual em situação de penúria, Itamar decide fazer de Aécio Neves (PSDB) seu sucessor e ajuda a eleger o neto de Tancredo numa disputa contra seu ex-vice, Newton Cardoso, em 2002.
  No plano federal, Itamar apoia a eleição do petista Luiz Inácio da Silva e como prêmio ganha o cargo de embaixador do Brasil na Itália - posto que ocupou nos anos de 2004 e 2005.
Itamar deixou a embaixada na Itália e rompeu de vez com Lula depois que seus apadrinhados foram retirados do comando de Furnas.
  Deixou o PMDB e se afastou dos petistas. Nos últimos anos, o ex-presidente não perdia a oportunidade de criticar o governo Lula. Levantou a bandeira da candidatura de Aécio à Presidência, mas se animou quando foi cogitado para embarcar como vice na futura chapa encabeçada por José Serra (PSDB). Já filiado ao PPS, ele foi eleito senador no ano passado, numa campanha que contou com forte presença de Aécio.

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